agosto 07, 2008

Sempre

Sempre tive medo do mesmo
Viver aquilo de novo
Pensar no que tinha passado
Ouvir o que tinha falado
Sentir novamente o que agora temo

Sempre tive medo de me perder
Não me encontrar, não ser mais eu.
Pensar nas coisas que não vivi
Constatar que, naquele dia, deixei de existir.

Sempre tenho medo do nada
Nada que possa ser feito
Nada para ser salvo
Nada para dizer que é meu
Sempre tive medo de tudo
Tudo meu que o mundo esqueceu

Sempre tive medo do mesmo
Mesmo que para muitos seja nada
Mesmo que o nada seja tudo
Porque tudo e nada são o mesmo

Sempre tive medo de mim
Sempre esqueci de falar
Falei que esqueci no fim
Por não ter forças para tentar

Sempre tive medo do mesmo
Mesmo que hoje seja um dia comum
Mesmo que eu não seja ninguém
E viva em lugar nenhum

Sempre tive medo do mesmo
Sempre e nunca disse nada
Talvez por ser tão cedo
Talvez por ser tão equilibrada

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)