setembro 21, 2011

estranho

estranho estar cheia de planos sem poder realizar
é como ter linha e pano e não saber costurar
saber as palavras certas e ninguém pra conversar
ter ótimos conselhos e nem um jovem pra te escutar

estranho ser cheia de sonhos sem ter com quem dividir
ter um monte de idéias e sem amigo com quem discutir
ter uma bela voz,saber cantar e ninguém pra ouvir
não ter vontade de ficar e nenhum lugar pra fugir

estranho estar aqui chorando pensando no que fazer
certa dos próprios enganos sem saber como resolver
estar cansada e sem ânimo pra correr
com tantas obrigações e tanto para viver

estranho ser chato por querer desabafar
contar ao mundo suas incertezas
mostrar aos inimigos seus medos e fraquezas
e as tristezas compartilhar

o normal é arrumar um belo sorriso
criar a vontade de recomeçar
e estranho seria se engraçado não fosse
que quando você percebe
está de volta ao cotidiano e com outras coisas a pensar

estranho tais coisas que digo
uma vez que o que queria era chorar
mas busquei na minha falha poesia
compartilhar com quem é amigo
minha vontade de continuar

estranho que as lágrimas fecham as rimas
do que precariamente tentei dizer
coisas que nem soube expressar o coração
quando bateu forte e me pôs a escrever.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

agosto 10, 2011

Quem Nunca?!

             Um dia, a gente cresce, começa a viver e aprender com as experiências.
            A gente quebra um dedinho jogando basquete, quebra os óculos jogando queima,quebra a cara com as amizades (sentido figurado) quebra a cara numa briga (literalmente).
             Eu já quebrei meus óculos jogando queima, apanhei numa festa por ciúmes, vi relacionamentos acabarem por concorrência...
            Eu tive dois filhos, parto normal, iniciei 6 ou 7 cursos diferentes até descobrir que queria ser advogada, hoje, bacharel, eu estou negociando com a vida e com a FGV, o direito de fazer isso.
            Eu me envolvi num acidente de trânsito e vi o clipe da minha vida passar rapidinho diante dos meus olhos e a altura que poderíamos ter caído.
            Eu vejo as pessoas mentirem para si mesmas, perdendo tempo na vida
            Eu vejo as pessoas se agredindo e se afastando umas das outras porque não sabem aceitar opinião, não sabem aceitar diferenças e julgam como se viessem ao mundo com um manual.
            Quem nunca conheceu um homem safado e se entregou a ele perdidamente?
            Quem nunca defendeu esse mesmo homem, mesmos sabendo que ele não merecia?
            Quem nunca arrumou um novo namorado para esquecer aquela antiga paixão?     Quem nunca traiu o novo namorado com a antiga paixão e rezou em 13 idiomas diferentes quando houve suspeita de gravidez?
            Quem nunca ficou com um feio ou feia, gostou da pessoa, poderia ter feito planos com ela, mas a ignorou quando os amigos criticaram?
            Quem nunca foi “Maria vai com as outras”?
            Quem nunca colou numa prova, mesmo que superficialmente, mesmo que tenha colaborado passando resposta para o colega, mesmo que tenha levado um zero?
            Quem nunca bisbilhotou a vida de alguém? Na década de 80 eram os diários e finais de caderno, onde sempre havia alguma declaração,nos anos 90, vieram as agendas e capas de fichário e hoje, investigamos os Facebooks, vendo as fotos, os fatos, os status.
            Quem nunca escondeu as contas da mãe?
            Quem nunca levou a namorada para casa quando os pais saíram? Que menina nunca foi ousada de fazer o mesmo como se fosse menino?
            Quem nunca foi numa rave desavisado, com salto agulha ou sem agasalho?
            Quem nunca provou algo que desconhecia só pra ver como era?
            Quem nunca colocou a mesma música para ouvir e chorou por alguém?
            Quem não tem uma família confusa, um primo bonito pelo qual já foi apaixonada, um professor por quem já deu algum suspiro, uma amiga pela qual, se fosse homem, seria apaixonada?
            Quem nunca sofreu preconceito?
            Quem nunca teve preconceito?
            Quem nunca cometeu pecado sem conhecer?
            Eu acho que meu pai nunca gostou de mim e não escondo isso de ninguém, embora seja julgada por isso. Ele não foi à minha colação, nem na festiva e nem na oficial e por mais que tenha dado desculpas, eu digo que não foi por não ter feito a menor questão.
            Falar da minha família é algo delicado, mas, para os que convivem comigo, é compreensível a presença de algumas restrições.
            Quem nunca me julgou desajustada?
            Quem nunca fez careta pelas minhas costas?
            Quem garante que alguns me adicionaram por mera curiosidade?
            Quem garante que o que parece ser indiferente comigo ou um inimigo de ocasião, não possa ter vontade de tomar uma cerveja gelada, colocar a prosa em dia e não o faz por amor, princípios, respeito ou medo da rejeição?
            Eu já passei muita coisa na vida, já vi muito e sou ciente de que tenho muito a aprender, mas o que mais me incomoda é que não sou ouvida, ninguém quer ouvir o que tenho a dizer.
            Ninguém vê que o zelo demasiado é amor e cuidado
            Ninguém quer saber o que sinto, o que passo, só pensam em criticar meus atos e dizer o que devo fazer.
            Mas que feito esses seres tem?
            Que coisa boa fizeram para si mesmos?
            Triste saber, com toda experiência que tenho, que as pessoas não me dão direito de me preocupar com alguém, de ter opinião própria, de me manifestar!


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

junho 21, 2011

Ás vezes, quando se está triste...

a gente tenta voltar ao passado, buscar nas fotos antigas e na lembrança, aquele momento feliz que nos foi tirado.
Ás vezes quando se está triste, a gente busca mudar os móveis da sala,comprar um sapato novo ou mudar o visual, como se pudéssemos enganar a tristeza, ela não nos reconheceria e iria embora...
Nesse momento conhecemos nossos amigos e que a família pode ser não a que nascemos, mas a que adotamos ou a que passamos a fazer parte por afinidade e por convivência.
Quando se está triste, uma palavra dependendo de como é dita ou por quem é o suficiente para nos derrubar ou nos reerguer.


Irene Tiraboschi
(Direitos Reservados)

junho 09, 2011

Nostalgia

Ao Mestre com Carinho...
O filme é um clássico da saudosa sessão da tarde, não que ela não exista, mas nós crescemos e deixamos de ter tempo para ela e, quando temos, percebemos que o cinema também atingiu a idade adulta.
Sinto falta da sessão aventura, da Super Vick, das novelas água com açúcar, onde o único estresse era se o casal ia se beijar ou não.
Não tínhamos tantas intrigas, cenas fortes, emboscadas...
Sinto falta dos tempos do colégio, onde havia bullying, mas nós chamávamos de zoeira, apelido sem graça e, embora tenha sofrido,na época,e eles doessem, são um dia de paz comparado ao que ocorre hoje.
Sinto falta do Bambalalão, da estória que entrou por uma porta e saiu pela outra, dos desenhos fofinhos.
Sinto falta das brincadeiras na rua, dos passeios de bicicleta, da segurança que minha mãe tinha enquanto eu brincava e hoje, que sou mãe, não tenho.
As drogas eram contos distantes de filmes americanos que passavam no corujão.
Sinto falta do guarda - chuvinha de chocolate, de amigos que se foram e os que não foram, mas estão distante.
Sinto saudade do rolo de filme 36 poses, enrolar a fita K7 com caneta BIC e apertar o REC e PLAY assim que o radialista calar a boca.
Sinto falta do Banco Imobiliário
Saudade também das idas ao supermercado, o dinheiro parecia fazer mais milagres.
A saudade veio quando testei o DVD que gravei e mesmo estando perfeito, senti falta das fitas de vídeo, as idas à locadora, o lanche do Português.

Saudade das férias em Goianésia!!!
Aquela serenidade que não vemos e a ingenuidade perdida.
Eu senti saudade de mim e de uma época da minha vida.


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)


junho 08, 2011

Divergências

Estranho alguém perguntar quem é você
Quem é você para saber
Quem é você para dizer
Quem é você para achar
Quem é você para questionar

Ninguém pergunta quem é você para sofrer
Muito menos quem é você para perder
Ninguém te avisa para ver quem é você antes de se apaixonar
E acho que não indagam isso àquele que pensa em se matar

Ousado alguém dizer quem é você quando quer brigar
Forma de enfraquecer o oponente?
Ganhando tempo enquanto ele perde o dele para investigar
Quem sou eu que penso ter direito
Quem sou eu que admito meus defeitos
Quem sou eu e onde vou parar

O que responder quando há o quem é você
Sabendo que a pessoa quer te induzir a insignificância
E se o quem sou eu não é o mesmo para ela
Intensificaria o que já era discordância
Quem sou eu no final da rima
Aquele que disse eu te disse quando deu errado
Aquele que apenas mudou de idéia depois de ter começado
Aquele que, numa das voltas da vida, deveria ter pulado.

Não soube responder o quem é você
Mesmo porque o oponente não quis me escutar
Mas também o que interessa a ele saber
Sou apenas a esperança, a vontade de vencer e a coragem de amar.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)


maio 30, 2011

Perfil



Sei que escrevo bem, quando alguém chora com minhas poesias.
Consegue rir quando tento explicar as ironias da minha vida
Faço com que compartilhe comigo minhas tristezas e alegrias

Penso que sou esperta, mas por vezes eu acho que tive sorte.
Um animal em constante evolução, mas de pequeno porte.
Que busca ser reconhecida por quem a ignora
Não sabe o que precisa, mas sente que tem de ser agora.

A dor tem sabor amargo, mas entre os homens é amadurecimento.
E saber superar a dor é um prêmio sem comparação
Ironia achar que ofensas podem me destruir
Sendo que dois partos se passaram e eu venci

Não sei se a razão faz diferença nessa minha jornada
Minha mente é falha porque as mágoas fazem teias pelos cantos
Meu sorriso foi construído apoiado na esperança
Com um pouco do cascalho deixado pelo anseio de vingança

Sem teimosia ou insistência, apenas convicção.
Caminho com a alma ferida, por ser sonhadora de coração.
Mãe apaixonada, eu busco somente um mundo melhor para os meus.
Mesmo que seja a última coisa que eu faça e depois diga adeus.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

maio 29, 2011

Certeza


Ilustração:
http://olivacijunior.blogspot.com
A simplicidade é a forma mais complexa de se mostrar o quão delicado alguém pode ser.
Expressar o que quer para si e seus questionamentos, não deixando de ser quem realmente é, e nem deixando de fazer o que precisa para evitar ser questionado.
É um rodamoinho sem direção, mas que parece saber o caminho da busca constante do nosso eu, o qual chamamos de verdadeiro, mas ele é apenas desconhecido.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

maio 20, 2011

Monografia: escolha o tema e não tema

Logo no primeiro semestre você fica sabendo que ela existe e que é a prova mestre.
Logo no primeiro semestre você vai assistir algumas defesas para ver como é, se preparar...
Ao longo do curso você pensa num tema, depois se apaixona por outra área e outro tema, escolhe o orientador, mas nem vai falar com ele, porque ainda é cedo e porque provavelmente irá mudar o tema, uma ou duas vezes.
Existem alunos que sabem o tema desde cedo, já no ato da matrícula, outros escolhem mais tarde e alguns enquanto estão elaborando sua monografia, tem idéias para um ou mais temas, pensa que poderia fazer mais que uma.
A monografia...
Você teme, chora, trava o texto, pede ajuda, surta, para, recomeça...
É uma vida em alguns meses ou em algumas semanas, depende do tempo de cada um e não digo tempo físico, mas o tempo que cada um leva para assimilar, compreender, escrever e concluir.
Depois de escrita, confere,corrige, altera,acrescenta, respira fundo e passa para seu orientador conferir, ou orientadores, para quem tem mais que um. Geralmente, elas voltam com um monte de anotaçõeszinhas e você volta para diante do computador e edita sua obra prima; outras vezes, elas voltam com um “ok” e você vai para fase da encadernação.
Quando a vê encadernada, sua sensação é de alívio, orgulho e ansiedade por tudo que ela representa, por tudo que ela significou, as noites de sono perdida, o medo de não conseguir ou de errar, tudo que aprendeu com as pesquisas; você tem ciúmes, não quer que ninguém pegue, não gostaria de entregar, pensa que ela é sua e deveria permanecer na estante, dentro de uma caixa de vidro.
Talvez pareça exagero, mas é um bebe que você tem que proteger.
Talvez seja um exagero, mas ela tomou muito tempo da sua vida, requereu sua total dedicação, você se afastou, mesmo que por horas, daqueles que ama, da sua vida social. Tudo girou em torno dela.
Chegou a hora de entregar, sua defesa será marcada e começa a nova fase de ansiedade e angústia, de dizer o que sabe sobre o tema que escreveu, de expor sua opinião,enfrentar os questionamentos e as divergências que virão.
O pânico começa quando fica sabendo a data do evento, depois o que vai vestir, o que irá falar e como irá falar; quantas pessoas estarão presentes? São questionamentos infinitos e pensamentos variados e uma ansiedade incomensurável.
Mas, o dia chega, as horas passam e o momento de sua defesa á agora.
A banca formada, convidados presentes, 1, 2, 3, 4... Céus, alguém tranque a porta, ninguém mais entra!
Aqueles rostos ávidos por um assunto interessante, solidários com seu momento, olhos que te apóiam o tempo inteiro.
As formalidades da apresentação soaram como uma cerimônia, tudo passou pela minha mente: o que eu tinha pra falar, a guarda real inglesa, cenas da ditadura, a morte da princesa Diana, os filhos adotivos da Madonna, o frio que estava lá fora, que tinha ido ao banheiro, penteado o cabelo, escolhido a roupa certa e podia começar.
Falei o que tinha que ser dito dentro do tempo concedido.
Momento dos comentários, dos questionamentos, das observações.
Momento de aguardar a decisão, a nota, saber se será aprovado ou não. Ansiedade.
“Aos 19 dias do mês de maio, ás 19 horas...” tudo passa pela sua mente, novamente o medo, os questionamentos e a frase “ parabéns, você foi aprovada”
O alívio dessa frase é impossível de explicar, seu coração está em festa, mas também está triste porque saberá que está diante do marco de transição, é o início da travessia da ponte do crescimento profissional, você já não é mais um simples estudante do curso que escolheu; você está a um ou dois passos de tornar bacharel no curso que escolheu e isso, senhoras e senhores, é como receber a chave da cidade ou ser condecorado pela rainha; é o abraço terno de seus familiares, professores e amigos; é a sua vitória!!!
Portanto, quando chegar a hora de elaborar sua monografia, não tema, apenas pense como se fosse uma batalha, terá seu dessabores, terá suas glórias, mas retornará e receberá sua condecoração;pense que é uma sementinha, você irá plantar, cuidar e ela te presenteará com uma linda flor ou um fruto;pense que é seu trabalho de conclusão dos anos que se dedicou, estudou e quando apresenta-la, terá certeza de que venceu!!!

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

maio 17, 2011

Ser ou não ser , eis a depressão




O que fazer quando alguém decide por fim na própria vida?
O que dizer para essa pessoa para que ela mude sua opinião?
Que ela queira sorrir, queira crescer, queira evoluir?
Como devolver a ela a alegria e a vontade de ser feliz?
Quando sabemos de algum caso nesse sentido, ouvimos críticas, as pessoas falam que quem fez isso foi fraco ou não pensou na família. Mas, será que ela não tentou pensar?
Será que ela não buscou ajuda e, talvez, não tenha conseguido?
Se hoje você apresenta um quadro de depressão, basta ser atendido pelo SUS que para tudo se receita fluoxetina: dor no braço, dor de garganta, alergias.
Para tudo o médico olha e diz: _ “Eu vou te dar uma pomadinha e você toma esse remédio aqui todo dia à noite”
Mas será que ele viu mesmo que era depressão?Será que ele percebeu a gravidade do caso?Não.
Lá todos saem com a mesma receita, sempre algum tipo de psicotrópico. Quando sentada na saleta fria de espera, cheio de bancos frios, a gente conversa com um e com outro e todos tomam fluoxetina ou valeriana ou passiflora, que são mais lights, mas eu pergunto se todos ali, realmente precisam dessa medicação.
O mundo inteiro está com depressão?
Então, por que nos chocamos quando alguém comete suicídio? Ou quando alguém comete um crime bárbaro?É tudo depressão?
A sociedade é ótima para taxar as situações, mas pouco faz para mudar esse quadro.
Quando se sente uma dor insuportável que não tem local definido; quando ela não tem hora para começar ou parece não ter fim; quando você olha buscando cor e vê apenas cinza; quando você não sente a menor vontade de continuar, tomar banho, resolver problemas; deixa de ouvir seus amigos ou sua família; quando você acha que qualquer comentário é sobre você; se sente acuado, melancólico, sem esperança, fracassado, inútil e muito, muito feio; quando você acha que qualquer lugar fora do mundo é melhor que o mundo em que você vive; quando você tem vontade de se bater, de se causar alguma dor visível que seja maior que a que sente e não vê; quando começa a imaginar como seria a vida de todos sem você; estamos falando de depressão?
O pior que para saber, antes de morrer ou tentar se matar, tem que ter sorte.
A vaga no SUS é para daqui seis longos meses e até lá você toma fluoxetina, uma vez ao dia, todo dia à noite, consoante ordem médica, que apenas olha e diz: “tome isso aqui”. Sem exames, sem mais perguntas, sem humanidade.
“Arrume um hobbie, vá jogar na internet, veja filmes na TV ou pegue na videolocadora; aprenda corte e costura, faça teatro, volte a estudar, arrume um emprego.”
São coisas ótimas para se aconselhar ao depressivo, mas pergunta-se:
Será que ele tem dinheiro, tem emprego ou aptidão para consegui-lo?Há vaga para ele no mercado de trabalho?Pode manter uma internet ou pagar canais de TV?Pode fazer um curso do que quer que seja?
Um dia, uma pessoa depressiva precisava de algo para se alegrar e decidiu pedir comida japonesa, uma pizza grande, refrigerante e lanche. Após 40 minutos a felicidade estava na mesa: fartura e riqueza. Por algumas horas, o depressivo achou que pudesse até comemorar, celebrando a vida.
Outro dia, esse mesmo depressivo estava numa lanchonete e uma pessoa ligou pedindo alguns lanches e 02 litros de refrigerante, mas morava num bairro pobre, sem iluminação e com fama de violento e sabe o que essa pessoa ouviu?
“_ Desculpe, mas aí não vamos entregar.” E, depois de desligar o telefone, teceu comentários maldosos, como se todos desse bairro fosse criminosos ou favelados. Triste.
Se fosse uma pessoa depressiva, como aquela que pediu o banquete outro dia, se ela quisesse se alegrar ou alegrar sua família depois de tantas crises?Se a prefeitura esqueceu de dar boa estrutura, com energia e policiamento, no bairro, eles não tem direito a pedir um lanche?
São tantas coisas para pensar: ter sua própria casa, como pagar e ainda se irão te entregar uma pizza se tiver vontade.
Queria poder ter todas as respostas, mas não tenho e não sei também quem pode ajudar nesses casos.
Só sei que uma pessoa com esses sintomas que causam tantos sofrimentos não deveria esperar tanto tempo na fila do agendamento.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

abril 27, 2011

óculos fundo -de - mágoa

Hoje, chegou o óculos novo R$900, sendo R$750 só a lente miolight 1,9 mm, para não parecer fundo de caneca,pois ,são quase 17,5 graus de miopia/astigmatismo.
Amanhã faço 36 anos, sou mãe de dois filhos adolescentes, com 13 e 14 anos,querendo 1001 coisas diferentes.
Faltam umas 30 páginas para concluir minha monografia e 12 parcelas para terminar de pagar o financiamento da faculdade, nos dois primeiros anos.

Engraçado que, com números tão significativos, "nego" só consegue ver 2 ou 3 latinhas de cerveja, na minha sacolinha de lixo, contabilizar quantas dúzias de ovos eu fritei e comentar sobre o único vestidinho da loja dos $10,00, que comprei!

Definitivamente, alguns seres humanos só enxergam o que querem!!!

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

abril 21, 2011

Síndrome da Intolerância à Monografia


Sintomas Físicos:
  • Náusea
  • Dor de cabeça
  • Ardência nos olhos (excesso de leitura)
  • Tremura nas mãos
  • Rigidez nos dedos (causada pela digitação)



Sintomas Psicológicos:
  • Pânico
  • Depressão
  • Insegurança
  • Sentimento de Incapacidade e Impossibilidade
  • Questionamentos sobre a personalidade
  • Questionamentos sobre a vocação (depois de quase tudo cursado, o indivíduo se pergunta se não deveria ter feito outra coisa).
Sintoma que demonstram o estágio mais avançado da doença:
  • Tempo para arrumar armários
  • Separar documentos e contas pagas desde 1990
  • Criação e/ou total dedicação a blogs de poesia
  • Acompanhar novela sem saber o nome e nem em qual capítulo está.
  • Lavar os espaços entre os azulejos com escovinha











Fonte: límpida e cristalina, no alto da colina.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

abril 19, 2011

Perdas

Somos tantas pessoas
Para uma só encontrar
Tantos apelidos carinhosos
No momento de amar

Um dia tudo se perde
Como em nosso caso se perdeu
Não somos mais amigos
Não há mais você e eu

Ás vezes tento voltar o tempo
Fico repetitiva por não me entender
Busco um abraço e um alento
E temo aceitar não merecer

Minha loucura hoje em muitas “eu”
E todas elas amaram a mesma pessoa
Tento salvar a melhor e mais à-toa
Que não sentirá o que perdeu

Minha poesia rudimentar aqui fica
Perdida no espaço da confusão do que se diz
Palavra afiada que prejudica
O sonho mais primitivo, que é ser feliz.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

março 30, 2011

A coisa tá feia




Como tá feia, eu entendo que a verdade é uma só:
as pessoas mentem pra não magoar
e magoam por mentir
e quando resolvem ser verdadeiros, algumas pessoas se magoam também.
Enfim, ninguém tá satisfeito
Mas tudo bem, só não me pergunta o porquê de tudo isso, porque com certeza não vou saber explicar, melhor não forçar muito o tico e o teco, né?!!!
Acho que a humanidade ligou o bluetooth e mirou pro meu lado
e no fim, meu rádio não tem internet, ainda não ando de BMW e a linguiça que pedi no açougue tava com cara de macarrão... E olha que pedi com "ç", mas veio com dois s.
Vai vendo!
Bom, eu tinha que estudar, mas resolvi dar uma passada aqui com objetivo de desestressar e, um dia, quem sabe, ficar famosa com as coisas que escrevo.
Foi golpe de marketing!!!

Não tente entender...
Apenas pense.
E a coisa continua feia porque eu tento não pensar muito na vida
Nem precisa, todo mundo pensa na minha vida por mim: já prestou a OAB, já sabe que área vai seguir, eu acho que você teria de fazer um cursinho...
Tem horas que fico sem saber o que fazer.
Não dá pra arrasar no mototaxy porque a corrida é quase o preço da moto, e todos os fiu-fius que recebe não valem o sacrifício.
Daí eu ando de Mercedes... Claro que é um ônibus, mas falando assim quem percebe?Tem motorista, rádio e gente chata que senta do lado e fica te acordando quando na verdade você só quer dormir...
Aí, como a coisa tá feia, você pede, muito gentilmente, com aquele sorriso forçado e olhar de um serial killer, que mulher te deixe dormir, e aí ela deixa... bem mais do que você precisa,passando do ponto que deveria descer,tendo de esperar, dar a volta, pra não gastar mais 2 reais.
Legal é alguém chegar com uma refratária de R$ 1.99, toda sorridente e dizer:
"trouxe salada de fruta para você... delícia, fiz com mel!!!"
Você pensa:a coisa tá feia mesmo!!!
A salada tinha morango, mel e banana, e eu tenho intolerância a banana, morango e mel... Mas eu fui tão cara de pau que falei: “obrigada linda, adoooro!!!”
A coisa tá feia e eu me odiei por isso, mas, se dissesse que ela tinha perdido seu tempo, iria magoa – lá. e não estou certa de que me sentiria bem com isso.
A coisa tá tão feia que vou me jogar no rio, talvez no Sena, aquele de Paris.
Isso, vou me jogar no rio Sena!!!
Melhor que jogar na Megasena!!!
Se bem que não seria má idéia, assim ficaria rica e abriria uma escola.
Poderia ensinar o povo sabe?!
Talvez teatro ou cinema... Alguma coisa que me colocasse em foco.
Sei lá, passei no teste da obra, mas não ganhei muita coisa.
Fui cara de pau, o suficiente, para falar umas verdades por aí e acho que isso não me rendeu nenhum “oscar” ou “ globo de ouro”.
Cara de pau?!
Melhor dizer cara de madeira e madeira de Lei, pois de lei eu entendo.
Enfim, a coisa tá tão feia que eu achei que pão de açúcar fosse a rosquinha que comprei na padaria e que amor perfeito fosse uma flor
As pessoas escrevem com Z ou que seria com S e esquecem do H quando ele deveria ter sido convidado.
As pessoas sabem te ligar para dizer algo ruim ou pedir favor, mas nunca tem tempo para te convidar para uma festa.
Outras, porque te fizeram um favor, passam a ter uma espécie de posse sobre sua vida e há de palpitar em tudo.
A coisa tá feia, preciso de óculos, minha sala de um tapete, meu armário de panelas.
Preciso de um plano e que esse plano tenha sucesso.

Irene Tiraboschi

março 29, 2011

Faz Lembrar *

O vento que tocava meus cabelos
A areia e o mar
O sonho que não aconteceu
A vontade de ficar

Aquela tarde de outono
As folhas que caiam onde eu queria sentar
O medo de não saber o que dizer
Esperando você chegar

Isso é o que me faz lembrar

Sem sono numa noite fria
Ouvindo você tocar
São coisas que eu deveria esquecer
Mas é só o que consigo pensar

Talvez um dia essa música deixe de significar
Só que agora é ela que me acalenta
Enquanto espero você voltar


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)
* feito ao ouvir a música de Williaum Janoski

março 07, 2011

Desapego

Não consigo mais acreditar na sua verdade
Não consigo mais não ver a realidade
Será que eu cresci dessa vez?
Foi isso que você fez?

Não consegui te agradar em nenhum momento da vida
Em quase todos os momentos eu me senti traída
E você nem era pra ser um problema meu
Eu não devia sofrer com nenhum erro seu

Por que implicou somente comigo?
Me chamou de esdrúxula quando nem sabia o significado
Me puniu quando não merecia, por sua mentira
E hoje sei que era você quem estava errado

Estranho ainda me espantar com suas travessuras
Me incomoda ter sentido tanto a falta sua
Sendo que na verdade não fez questão de estar presente
Quando quer, faz, e ainda demonstra como se sente.

Não quero mais te afrontar
Eu te incomodei quando apareci na casa alheia
Não vou mais me importar
Porque somente se colhe o que semeia

Talvez tenha sido o destino,
O grande vilão da história.
Mas meus irmãos e irmãs não me conheceram
Os que conheceram não me entenderam
Não até agora
Busquei seu sorriso de aprovação
Em cada momento meu de glória
Não consegui
Por isso vou embora

Fisicamente estarei por perto
Por certo ainda passará por mim
Porém meu coração estará liberto
Minha procura por aceitação
Chegou ao fim.


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

março 03, 2011

Rascunho Literário

Talvez...
Sempre se pode começar algo assim
Sempre...
Talvez o sempre fosse algo que, um dia, quis.

Tão estranho passar a vida buscando reconhecimento
De alguma forma por necessidade ou merecimento
Seja de familiar, amigo ou alguém exemplar.
É algo que passa a ser meta sem se explicar

Talvez...
Ninguém liga quando você está ausente
Ninguém se importa se você está doente
E nunca vão entender exatamente o que sente
Talvez seja por isso que muita gente mente

Tão estranho você colocar uma amizade no coração
Sentir por essa pessoa sentimento de irmão
E se deparar com o tempo que não houve reconhecimento
O estado civil dela mudou
E você nem sequer foi convidado para o casamento

Tão estranho o aplauso vir de alguém distante
Alguém que você nunca viu ou lhe abraçou
Mas esse aplauso foi tão verdadeiro
Que no final foi o que mais marcou

Tão estranho uma estranha te estender a mão
Mas parece agora ser muito normal
Talvez Deus vá criando caminhos com pessoas diferentes
Talvez seja por isso que fez o homem tão sentimental

Assim é fácil se apegar ao novo
Talvez
Estranho

Sei que no fim das contas há reconhecimento
Pode ser que se surpreenda
Porque pode vir de quem não se espera
Pode demorar certo tempo
Podendo ser marco de nova era
Mas virá unicamente por merecimento

Estranho estar te contando isso
Estranho ser você, um estranho. lendo
Este pequeno rascunho literário que escrevo chorando
Porque na vida há pessoas que não entendo.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

fevereiro 21, 2011

Pais e Filhos

(discurso feito em homenagem aos pais para a Colação de Grau da XXVII
Turma de Direito da Universidade Paulista)


Nós passamos grande parte do nosso tempo
Buscando mostrar a eles que crescemos, amadurecemos.
E quando nos tornamos pais passamos a maior parte do tempo
Orientando e protegendo

Estamos sempre dizendo que seremos diferentes
De algum modo do que eles são ou foram
E no final percebemos que as semelhanças existem
Sejam naturais ou porque nos espelhamos naquilo que é exemplo.

Durante cinco anos, muitos de nós, fomos pais estudantes.
Muitas vezes tivemos que sacrificar o tempo com nossos filhos
Para estudo, estágio, semanas de provas.
Conciliando as obrigações
Muitas vezes, uma tarefa difícil.

Nesse tempo, nossos pais participaram conosco.
E esta noite podemos ver em seus olhos já marejados.
O brilho emocionado de uma etapa concluída
E mesmo sabendo que é apenas uma de muitas que teremos pelo caminho
Somos gratos pela compreensão, paciência e carinho.

Por certo, há um vínculo entre pais e filhos.
Sempre estaremos ligados e unidos de alguma forma
É uma relação que teve seu início, mas que nunca terá um fim.
Nem o destino, a distância ou todos os contratempos.
Sempre haverá tempo para um abraço
Uma carta, um telefonema, um cartão postal.
Sempre haverá aquele dialogo no final da tarde.
Sempre haverá a saudade.

Quando começamos a faculdade
Imaginamos o dia da formatura
As pessoas que estarão presentes.
Mas o tempo gira constantemente
E o igual de repente fica diferente
A vida sempre nos surpreende.

Por culpa de um coração cansado
Meu pai está em casa e não pode vir
Como ele sempre trabalhou como viajante
Não estranho ele estar ausente
Mas minha mãe sempre o representou
E hoje não foi diferente
Está linda e duplamente contente.

Porém nem tudo é cor – de- rosa
E mesmo a rosa, por mais bela, tem seu espinho.
Quando está tudo certo aparentemente
Encontramos pedras pelo caminho.

Ano passado dois de nossos amigos, Tiago e Elys.

Sentiram a dor da perda do pai tão querido
Tiveram que segurar a lágrima pela mãe e pelos irmãos
Tiveram seus momentos de rebeldia e reclusão
E por algum momento talvez cogitaram desistir
Só que temos que reconhecer o quão vitoriosos são
Porque encontraram forças para prosseguir

É uma honra homenagear os pais presentes
E todos aqueles que infelizmente aqui não estão.
No entanto, não encontro palavras o suficiente.
Para demonstrar nosso respeito e reconhecimento
A todo apoio, amor e dedicação.



Irene Tiraboschi
(todos os direitos reservados)

fevereiro 15, 2011

música de formatura



Quanto tempo

Foram 5 anos, na minha vida, que se passaram
Minha formatura é na sexta
Minha vida mudou
E a musica N ainda me diz algo
Você se foi
Meus filhos cresceram
E eu tenho que escrever um texto
Para falar durante a colação

Quanto tempo
Faz tempo que soube do seu trágico destino
Senti medo, repulsa, raiva e revolta.
Me perdi com tudo a minha volta
Mesmo sabendo que você estava errado
Você foi meu pior aprendizado

Quanto tempo
Quanta vontade de desprezar você
Quanta vontade de te esquecer
Mas a música ainda me diz algo

Ainda choro sua morte
A morte de tudo que vivemos
Porque não vi que estava me deixando
Quando desceu as escadas
Dizendo que iria para Itália
E se perdeu num recanto qualquer

Só agora
Depois dos estudos concluídos
Eu consigo me afastar
Mesmo ouvindo nossa música

Eu sei que está em outro mundo
Neste mundo não pode ser meu
Então é hora de dizer adeus.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)