fevereiro 03, 2013

Crônicas de Pobre: a loja, a freguesa e o vestidinho.




Precisando  de roupas,como sempre, fui a uma loja (daquelas que tem umas mil delas por aí e preços compatíveis com a parte do ainda não fiquei rica).Vi uma peça ali, outra acolá e de repente, me deparei com esses vestidinhos colados com estampas estranhas que andam por aí
(sim, andam, pois todo mundo tem!!!)
Bom, peguei o tamanho G e falei: _ Vou provar!!!
Preço da marmota: R$ 79,90
Nesse sentido, eu revisei meu tom de poder e disse:
_ Bom, vou ver como fica em mim, curiosidade apenas!!!
No provador, eu coloquei o vestido...   posso dizer que ficou lindo!??
Não!!!
Mesmo sendo G, o bichinho ficou apertado, eu nem respirava, deve ser um G Barbie, G pequeno, G de Gisele, a modelo... Ficou nada Bündchen em mim, aliás, ficou marcando o pouco de bund e um tantão de coxa, um tantão de pele... olhei e fiquei feliz...claro!!!
Eu não tinha R$ 79,90 e não pagaria isso para andar igual mais duas mil novinhas (é assim como são chamadas agora?!) por aí...
Pobre não anda na moda por falta de grana, mas morre dizendo que é estilo... oh glória!!!
Já que não serviu, o plano era tira-lo, experimentar as batinha GG e blusas com corte morcego.
(disfarça bem os levedos de cerveja que o corpo retém)
Quem disse que vestido saiu?!
Começou a tortura, se eu tentasse tirar por baixo, eu poderia rasga-lo na parte de cima
se eu tirasse por cima, eu quebraria meus braços e o rasgaria na parte de baixo.
Ai ai ai ... ui ui ui .... ahhhhhhhhhh!!! Hummmmmmmmmm!!! Ui ui ui ai ai ai ai ai!!!

Parei, olhei no espelho e vi que o danado do vestido nem se movimentou...e a etiqueta lá, com o preço salgado que não me pertencia.
Segunda tentativa!!!
Ai ai ai ... ui ui ui .... ahhhhhhhhhh!!! Hummmmmmmmmm!!! Ui ui ui ai ai ai ai ai!!!
Nada!!!
Comecei a chorar... Como é que saio desse vestido?!
A vendedora bate na porta e pergunta:
_ deu certo, moça?!
Pensa naquela voz presa, a barriga prensada, o preço exposto e a certeza de que o vestido faria parte do seu corpo por horas e horas:
_ tá, meu bem!!!
Terceira tentativa!!!
Ai ai ai ... ui ui ui .... ahhhhhhhhhh!!! Hummmmmmmmmm!!! Ui ui ui ai ai ai ai ai!!!
 Sentei no banquinho, abri a bolsa e vi o quanto de dinheiro eu tinha.
Sim, a saída era colocar o meu por cima, explicar a situação pra vendedora, pagar e ir pra casa pra tirá-lo na tesoura... Mas, eu ia falar pra vendedora?!
Não!!!

A saída era calçar o sapato, pegar a bolsa, pedir pra embrulhar o meu vestido da loja de R$ 24,90 e dizer com ares de advogada do Bill Gates:

_ coloca o meu na sacola que eu já vou com esse, meu bem!!!
_ e vou pagar em dinheiro! (isso pra dar a real impressão de que aquilo ali era personalidade e não fatalidade).

Eram 11 horas da manhã, um vestido de balada nesse horário é um luxo só... 
Pronto, quem me encontrasse daquele jeito, falaria de mim uns 2 mil anos, por ai.... Pense outra coisa,Irene!!!
Tira a merda desse vestido!!!

E com choro e desespero, eu parti pra quarta tentativa... 

Ai ai ai ... ui ui ui .... ahhhhhhhhhh!!! Hummmmmmmmmm!!! Ui ui ui ai ai ai ai ai!!!
Saiu!!!!

 Imagina o alívio, o grito, a risada... Estava livre!!!
Nessa altura do campeonato, quase 50 minutos no provador, eu nem provei o resto, disse que nada deu certo e desapareci de lá!!!

É a vida!!!

O que eu aprendi com tudo isso?!

Que não gosto daquela estampa estranha!!!


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)