outubro 22, 2014

madeixa, me deixa


por Irene Tiraboschi

eu passei uma vida tentando ser bonita
seguindo a regra, a moda
sendo assim ou assado
hoje, quero apenas ser feliz e o máximo de saudável
sou séria quando precisa, sou doável quando gosto
sou rancorosa quando o ruim por mim é sentido
mas, o que isso importa
teste o afeto, solte o riso
trabalhe com determinação
não faça planos e nem crie expectativas
faça sim, crie sim, se jogue
um erro serve de norte
mas, se deixar de cometê-los
significa que nem caminho tem
a gente nunca para de aprender
portanto, o erro faz parte
pois, se assim não fosse
não pediriam borracha no material escolar
e nem te ensinariam começar a lápis
cansou do que vê, escolha outra imagem
cansou do pano, troque o tecido
cansou do texto, troque o livro
cansou do som, mude o disco
mas, sempre respeite seu limite
não se prenda no que cansou
faça por você, não espere aplausos
faça com que entendam seu valor
não aceite migalhas e nem trabalhe de graça
seja seu sol e seu verdadeiro amor

( direitos reservados)

cortes *


se não pode cortar caminho
é inadmissível pensar em cortar os pulsos
se não sabe cortar pessoas
aprenda a conviver com os insultos
se não pode cortar todo o mal
aprenda a não ser atingido
não hesite em ser imparcial
melhor do que ter dito, é ter sobrevivido
se não tiver nada para cortar
tente mudar seu jeito de ver o mundo
pois, não são os outros que te fazem mal
é você quem os coloca em sentimentos intensos
é você quem os coloca em sentimentos profundos
porém, se acha que cortar algo te fará sentir mais leve
busque não cortar as pessoas que menos te importam
pois, essas são as que te querem bem
nem sempre te dizem o que quer ouvir
nem sempre fazem tudo pra te ver sorrir
e não por não gostarem de você
mas, por verem o mundo do lado que você não vê
corte as amarras
deixe de usar espartilho
mas, não se entregue ao primeiro que te elogia
corte o moço garboso com sorriso esperto
corte aquele oportunista que sempre está perto.
corte folhas e faça uma flor
corte os cabelos e corte a dor
corte essa vontade de se anular
corte esse conceito bobo de não se amar.

Irene Tiraboschi
direitos reservados 
* originalmente publicado num mural de rede social

abril 23, 2014

um simples papel em branco



a vida... 
vem num papel em branco 
quem escreve, 
quem desenha
quem resenha
quem resume
é sempre você

a vida é uma folha de papel
esperando tua marca
seja por farsa
por trapaça
por um feito
perfeito
imperfeito
a tua ação
teus passos atrás do seu coração
teu choro por alguma emoção
teu gozo por uma tentação

a vida é um papelzinho qualquer
que será importante ou não
devido a história que vier

a vida é teu papel
que se deixar fora do lugar
não te deixará ver o futuro
mas, se te permitires criar
te levará para além desse muro

a vida é um papel
seja ele como for
só não deixe ele ser rasurado
pelo erro de um falso amor

a vida é o papel
onde tudo teu é tua verdade
portanto, faça a redação mais bonita
e a chame de Felicidade.

por Irene Tiraboschi
Ⓒ direitos reservados

abril 14, 2014

medo de menina

um chá na xícara
mãos trêmulas
lágrima fria no chá quente
lágrima que cai pela dor da gente
um cobertor
falta de cor
sereno amigo
fica comigo
cheiro de hortelã no meu chá de lágrimas
gosto de lágrimas no meu chá de hortelã
pensamentos insanos
doces enganos
versos sem rimas
nada me anima
vontade de chorar
um grito por dentro
um grande lamento
vejo pela janela o vestígio do dia
lembro de todos meus poucos momentos de alegria
hora de me despedir dessa vida fria
hora de seguir minha vida por outra via
chá de lágrimas no chão
caco de xícara na mão
e o ultimo ecoar de um pobre coração

Irene Tiraboschi
© direitos reservados 

( inspirada por uma música e a tristeza aparente da história de uma madrugada confusa com alguém que estava ainda mais perdido)

abril 10, 2014

Amor em Prosa



O sonho acabou
De volta a vida normal
O amor deixou de existir
De volta a tristeza habitual

Perdida em meio à fotos que não deveriam existir
Verdades infelizes que sempre estiveram ali
Mentiras malditas que sempre foram camufladas
Uma vontade única de fugir de tudo isso aqui

As máscaras caíram
A verdade é a mesma que procurei não ver
A felicidade era falsa
Assim como foi falso meu encanto por você

Mas já tem gente dizendo pra recomeçar
“Bola pra frente não deve chorar!”
Fácil pra quem não sente essa dor
Dor idiota causada por essa coisa chamada amor

Ainda tenho que me preocupar com métricas e rimas
De poesias infantis com sentimentos insanos?
Como poderia pensar nisso se alguém dilacerou meu coração e planos?
Se insanidade existe faz parte do julgamento dos que nunca amaram
Que se acham perfeitos e alegam que nunca erraram
Que escondem suas mágoas nos braços de outro ser
Que fazem fotos felizes e mal sabem viver

Eu tento agora esquecer
E se for pra recomeçar, por que não?
Mas não vou ser falsa como você
Não pretendo iludir meu próprio coração

Irene Tiraboschi
(direitos reservados) 

março 26, 2014

Velha Canção

 


o velho disco na vitrola
a capa envelhecida pelo tempo
a canção que ouço agora
uma lágrima representa o momento

a música que ouvia ainda pequena
a música que canto quando estou triste
música que deveria ser bem mais que recordação
ela adoçaria um amargo coração

saudade de um tempo que era só aprendiz
saudade de pular amarelinha na rua
saudades de coisas que nunca fiz
saudade de ficar olhando a lua
descoberta de um novo mundo
malas prontas pra outro lugar
não sei o que encontrarei pelo caminho
mas chegou a hora de recomeçar

te deixo entrar felicidade
talvez amor, talvez verdade
te deixo ficar na minha vida
esqueço as amargas feridas

apago a má recordação
te coloco agora em meu coração
enquanto toca esta canção

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

março 21, 2014

Ventos do Sul



Por onde andas?
em casa, por certo
não te ver é incerto
estranho, não estarmos perto

por onde andas?
sentirei falta tua
ficarei olhando a lua
sem ter o que fazer

espero que por onde andas
eu esteja em teus pensamentos
seja teu descanso até o amanhecer

o vento levará meus sentimentos
e que por um único momento
seu sorriso possa me envolver

talvez em pouco tempo
a onda do mar possa me dizer
que com a ajuda do vento
eu vá reencontrar você

Irene Tiraboschi
(direitos reservados) 

março 06, 2014

Violinos


apenas um soar de violinos
para minha entrada
anjos com rostos conhecidos
aguardavam minha chegada

tão frio e como me aquecer?
meu coração não parava de bater
triste partir sem viver o amor
viveria para entender
o mundo ao meu redor
tabuada de cor
esquecer o que é dor

achei que viveria a felicidade
sonhei feito uma criança
que chegaria na terceira idade
perdi a esperança

apenas um grito na minha despedida
ninguém percebeu minha ferida
falta também não fiz
achei que sabia o que era ser feliz

peguei o caminho errado
senti falta de ter coragem
neguei meu eu apaixonado
vivi minhas bobagens

um brilho iluminando minha chegada
flores logo na entrada
um cartão que dizia assim
as flores eram para mim

olhei para trás
vi quem ficou
não sei se por mim alguém chorou
não terá como saber
sabia que ali tinha que estar
porque não soube me respeitar

lamento não ter dito adeus
não tinha como escrever
vou ficar com os dizeres de todos
de que nunca iriam me entender

ouça os violinos
festejam meu chegar
olhe pra mim, tente se encontrar
não se perca como eu
não viva esperando o que não aconteceu
porque assim podem deixar de te ouvir
deixa de pertencer a este mundo
como eu, deixará de existir

Irene Tiraboschi
( direitos reservados)




março 01, 2014

Eu Sei




Teu sorriso está ai por mim
Teu olhar não deixa de me seguir

Eu sei

Tua boca espera pela minha
Tua mente foge pra perto de mim

Eu sei

Estou nos filmes
Nas fotos, nos fatos
Nos programas que assiste
Nos discos que tem

Estou nas roupas que escolhe
Nos problemas que resolve
Em cada emoção

Estou em teus sentimentos
Sou teu pensamento
O sim e o não

Sou quem procura quando entristece
Em mim que pensa quando se diverte
Sou sua companhia desde que me conheceu
Um desejo que invade e ainda não entendeu

Eu sei

Um dia entenderá o que digo
deixará de agir como amigo
E fará uma simples ligação

Neste dia
Estarei saindo dos teus sonhos
E entrando de verdade em teu coração

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

fevereiro 25, 2014

Interior



estava aqui pensando
procurando algo pra escrever
não porque quisesse
mas por julgar necessário
sinto ser algo que deva fazer

estava aqui vendo os livros que não li
minhas fotos quando ainda criança
procurando alguma lembrança

estava aqui procurando uma música pra ouvir
a letra pra cantar
você pra conversar

e de tanto achar
acabei por me perder
mas posso me alegrar
sei o que dizer

passei a vida procurando um não sei o que
algo que não consigo explicar
muito menos entender
e quando encontrei
não soube o que fazer
senti um vazio
medo de me enganar
seria melhor continuar esperando
inevitável pensar
que estou fantasiando
outra decepção?
pelos Céus não!!
chega de tentar
quero me encontrar

como se estivesse diante de uma caixinha
e não soubesse se poderia abrir
passei a noite sozinha
tentando me decidir

olhei dentro de mim
escutei meu coração
mas dentro de mim há tantos " eus"
que ás vezes nem sei quem são

sendo assim

estava aqui pensando
procurando algo pra escrever
não porque eu quisesse
mas porque agora sei
que tenho muito pra aprender
e tempo pra recomeçar
muito o que viver
esperando alguém para amar

Irene Tiraboschi
© direitos reservados 

fevereiro 04, 2014

Princípio


o amor está no olhar e nas mãos
o amor está nos lençóis e nós da emoção
o amor vem e vai com a música que ouvimos
o beijo molhado o abraço apertado
o tom apaixonado ao dizer o que sentimos
o amor está na batida do teu coração
nas roupas espalhadas pelo chão
no brilho intenso do luar
na minha sede de te prender
na tua vontade de entender
e no desejo confuso de aceitar
o amor está nos sussurros de minha loucura
teus lábios e tua doçura
nossa forma única de amar

Irene Tiraboschi
(direitos reservados) 
imagem: cena do filme Vanilla Sky, 2001