maio 30, 2011

Perfil



Sei que escrevo bem, quando alguém chora com minhas poesias.
Consegue rir quando tento explicar as ironias da minha vida
Faço com que compartilhe comigo minhas tristezas e alegrias

Penso que sou esperta, mas por vezes eu acho que tive sorte.
Um animal em constante evolução, mas de pequeno porte.
Que busca ser reconhecida por quem a ignora
Não sabe o que precisa, mas sente que tem de ser agora.

A dor tem sabor amargo, mas entre os homens é amadurecimento.
E saber superar a dor é um prêmio sem comparação
Ironia achar que ofensas podem me destruir
Sendo que dois partos se passaram e eu venci

Não sei se a razão faz diferença nessa minha jornada
Minha mente é falha porque as mágoas fazem teias pelos cantos
Meu sorriso foi construído apoiado na esperança
Com um pouco do cascalho deixado pelo anseio de vingança

Sem teimosia ou insistência, apenas convicção.
Caminho com a alma ferida, por ser sonhadora de coração.
Mãe apaixonada, eu busco somente um mundo melhor para os meus.
Mesmo que seja a última coisa que eu faça e depois diga adeus.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

maio 29, 2011

Certeza


Ilustração:
http://olivacijunior.blogspot.com
A simplicidade é a forma mais complexa de se mostrar o quão delicado alguém pode ser.
Expressar o que quer para si e seus questionamentos, não deixando de ser quem realmente é, e nem deixando de fazer o que precisa para evitar ser questionado.
É um rodamoinho sem direção, mas que parece saber o caminho da busca constante do nosso eu, o qual chamamos de verdadeiro, mas ele é apenas desconhecido.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

maio 20, 2011

Monografia: escolha o tema e não tema

Logo no primeiro semestre você fica sabendo que ela existe e que é a prova mestre.
Logo no primeiro semestre você vai assistir algumas defesas para ver como é, se preparar...
Ao longo do curso você pensa num tema, depois se apaixona por outra área e outro tema, escolhe o orientador, mas nem vai falar com ele, porque ainda é cedo e porque provavelmente irá mudar o tema, uma ou duas vezes.
Existem alunos que sabem o tema desde cedo, já no ato da matrícula, outros escolhem mais tarde e alguns enquanto estão elaborando sua monografia, tem idéias para um ou mais temas, pensa que poderia fazer mais que uma.
A monografia...
Você teme, chora, trava o texto, pede ajuda, surta, para, recomeça...
É uma vida em alguns meses ou em algumas semanas, depende do tempo de cada um e não digo tempo físico, mas o tempo que cada um leva para assimilar, compreender, escrever e concluir.
Depois de escrita, confere,corrige, altera,acrescenta, respira fundo e passa para seu orientador conferir, ou orientadores, para quem tem mais que um. Geralmente, elas voltam com um monte de anotaçõeszinhas e você volta para diante do computador e edita sua obra prima; outras vezes, elas voltam com um “ok” e você vai para fase da encadernação.
Quando a vê encadernada, sua sensação é de alívio, orgulho e ansiedade por tudo que ela representa, por tudo que ela significou, as noites de sono perdida, o medo de não conseguir ou de errar, tudo que aprendeu com as pesquisas; você tem ciúmes, não quer que ninguém pegue, não gostaria de entregar, pensa que ela é sua e deveria permanecer na estante, dentro de uma caixa de vidro.
Talvez pareça exagero, mas é um bebe que você tem que proteger.
Talvez seja um exagero, mas ela tomou muito tempo da sua vida, requereu sua total dedicação, você se afastou, mesmo que por horas, daqueles que ama, da sua vida social. Tudo girou em torno dela.
Chegou a hora de entregar, sua defesa será marcada e começa a nova fase de ansiedade e angústia, de dizer o que sabe sobre o tema que escreveu, de expor sua opinião,enfrentar os questionamentos e as divergências que virão.
O pânico começa quando fica sabendo a data do evento, depois o que vai vestir, o que irá falar e como irá falar; quantas pessoas estarão presentes? São questionamentos infinitos e pensamentos variados e uma ansiedade incomensurável.
Mas, o dia chega, as horas passam e o momento de sua defesa á agora.
A banca formada, convidados presentes, 1, 2, 3, 4... Céus, alguém tranque a porta, ninguém mais entra!
Aqueles rostos ávidos por um assunto interessante, solidários com seu momento, olhos que te apóiam o tempo inteiro.
As formalidades da apresentação soaram como uma cerimônia, tudo passou pela minha mente: o que eu tinha pra falar, a guarda real inglesa, cenas da ditadura, a morte da princesa Diana, os filhos adotivos da Madonna, o frio que estava lá fora, que tinha ido ao banheiro, penteado o cabelo, escolhido a roupa certa e podia começar.
Falei o que tinha que ser dito dentro do tempo concedido.
Momento dos comentários, dos questionamentos, das observações.
Momento de aguardar a decisão, a nota, saber se será aprovado ou não. Ansiedade.
“Aos 19 dias do mês de maio, ás 19 horas...” tudo passa pela sua mente, novamente o medo, os questionamentos e a frase “ parabéns, você foi aprovada”
O alívio dessa frase é impossível de explicar, seu coração está em festa, mas também está triste porque saberá que está diante do marco de transição, é o início da travessia da ponte do crescimento profissional, você já não é mais um simples estudante do curso que escolheu; você está a um ou dois passos de tornar bacharel no curso que escolheu e isso, senhoras e senhores, é como receber a chave da cidade ou ser condecorado pela rainha; é o abraço terno de seus familiares, professores e amigos; é a sua vitória!!!
Portanto, quando chegar a hora de elaborar sua monografia, não tema, apenas pense como se fosse uma batalha, terá seu dessabores, terá suas glórias, mas retornará e receberá sua condecoração;pense que é uma sementinha, você irá plantar, cuidar e ela te presenteará com uma linda flor ou um fruto;pense que é seu trabalho de conclusão dos anos que se dedicou, estudou e quando apresenta-la, terá certeza de que venceu!!!

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

maio 17, 2011

Ser ou não ser , eis a depressão




O que fazer quando alguém decide por fim na própria vida?
O que dizer para essa pessoa para que ela mude sua opinião?
Que ela queira sorrir, queira crescer, queira evoluir?
Como devolver a ela a alegria e a vontade de ser feliz?
Quando sabemos de algum caso nesse sentido, ouvimos críticas, as pessoas falam que quem fez isso foi fraco ou não pensou na família. Mas, será que ela não tentou pensar?
Será que ela não buscou ajuda e, talvez, não tenha conseguido?
Se hoje você apresenta um quadro de depressão, basta ser atendido pelo SUS que para tudo se receita fluoxetina: dor no braço, dor de garganta, alergias.
Para tudo o médico olha e diz: _ “Eu vou te dar uma pomadinha e você toma esse remédio aqui todo dia à noite”
Mas será que ele viu mesmo que era depressão?Será que ele percebeu a gravidade do caso?Não.
Lá todos saem com a mesma receita, sempre algum tipo de psicotrópico. Quando sentada na saleta fria de espera, cheio de bancos frios, a gente conversa com um e com outro e todos tomam fluoxetina ou valeriana ou passiflora, que são mais lights, mas eu pergunto se todos ali, realmente precisam dessa medicação.
O mundo inteiro está com depressão?
Então, por que nos chocamos quando alguém comete suicídio? Ou quando alguém comete um crime bárbaro?É tudo depressão?
A sociedade é ótima para taxar as situações, mas pouco faz para mudar esse quadro.
Quando se sente uma dor insuportável que não tem local definido; quando ela não tem hora para começar ou parece não ter fim; quando você olha buscando cor e vê apenas cinza; quando você não sente a menor vontade de continuar, tomar banho, resolver problemas; deixa de ouvir seus amigos ou sua família; quando você acha que qualquer comentário é sobre você; se sente acuado, melancólico, sem esperança, fracassado, inútil e muito, muito feio; quando você acha que qualquer lugar fora do mundo é melhor que o mundo em que você vive; quando você tem vontade de se bater, de se causar alguma dor visível que seja maior que a que sente e não vê; quando começa a imaginar como seria a vida de todos sem você; estamos falando de depressão?
O pior que para saber, antes de morrer ou tentar se matar, tem que ter sorte.
A vaga no SUS é para daqui seis longos meses e até lá você toma fluoxetina, uma vez ao dia, todo dia à noite, consoante ordem médica, que apenas olha e diz: “tome isso aqui”. Sem exames, sem mais perguntas, sem humanidade.
“Arrume um hobbie, vá jogar na internet, veja filmes na TV ou pegue na videolocadora; aprenda corte e costura, faça teatro, volte a estudar, arrume um emprego.”
São coisas ótimas para se aconselhar ao depressivo, mas pergunta-se:
Será que ele tem dinheiro, tem emprego ou aptidão para consegui-lo?Há vaga para ele no mercado de trabalho?Pode manter uma internet ou pagar canais de TV?Pode fazer um curso do que quer que seja?
Um dia, uma pessoa depressiva precisava de algo para se alegrar e decidiu pedir comida japonesa, uma pizza grande, refrigerante e lanche. Após 40 minutos a felicidade estava na mesa: fartura e riqueza. Por algumas horas, o depressivo achou que pudesse até comemorar, celebrando a vida.
Outro dia, esse mesmo depressivo estava numa lanchonete e uma pessoa ligou pedindo alguns lanches e 02 litros de refrigerante, mas morava num bairro pobre, sem iluminação e com fama de violento e sabe o que essa pessoa ouviu?
“_ Desculpe, mas aí não vamos entregar.” E, depois de desligar o telefone, teceu comentários maldosos, como se todos desse bairro fosse criminosos ou favelados. Triste.
Se fosse uma pessoa depressiva, como aquela que pediu o banquete outro dia, se ela quisesse se alegrar ou alegrar sua família depois de tantas crises?Se a prefeitura esqueceu de dar boa estrutura, com energia e policiamento, no bairro, eles não tem direito a pedir um lanche?
São tantas coisas para pensar: ter sua própria casa, como pagar e ainda se irão te entregar uma pizza se tiver vontade.
Queria poder ter todas as respostas, mas não tenho e não sei também quem pode ajudar nesses casos.
Só sei que uma pessoa com esses sintomas que causam tantos sofrimentos não deveria esperar tanto tempo na fila do agendamento.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)