Será que eu ainda sei rimar, assim como aprendi a ter disciplina ou a não chorar?
Será que ainda tenho alma de artista, mas sem tempo para criar, ou me tornei uma pedra tentando me blindar?
Creio que fiz tantos poemas de amor, falei tanto de sentimentos, mas agora, no envelhecimento, vejo que nada aprendi.
Há uma coleção de estórias que não vivi e as que vivi, não soube lhes contar
Passei
a vida em busca do eu, tentando me encontrar, sem perceber que sempre estive
aqui, no meu lugar.
Eu só não tinha maturidade para me ver mudar!!!
Hoje, quando me lembro dos anos idos vejo que a cada etapa, eu buscava uma Irene mais nova, menos sofrida, porque nunca aceitei que sofrimento faz parte do crescimento, é parte da vida.
Hoje, de fato, depois que mais de quarenta anos se passaram, eu tenho conhecimento para entender que eu não me reencontrava, eu me reconhecia na versão mais experiente e por mim me apaixonava.
Era essa paixão que me devolvia a vitalidade e alegria para continuar minha jornada, mas essa certeza só veio agora e, definitivamente, antes, eu não sabia nada.
Eu ainda sou a mesma Irene de todos os textos e poesias, muda o tempo, a situação, assim como muda o peso, o cabelo, assim como muda o coração.
Talvez,
eu ainda saiba fazer poesias e talvez, eu ainda saiba rimar, mas como
tudo em nosso surpreendente destino é preciso saber esperar.
Irene Tiraboschi
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