outubro 16, 2008

Modernidade

O mundo se afeta com modernidade ou seria a modernidade que nos afeta no mundo?
A modernidade ajuda em muitas coisas e hoje podemos até ter um mundo nas mãos.
Você sabe onde está por equipamentos eletrônicos modernos, você fala com quem está do outro lado do planeta, você pode carregar sua vida em pequenos compartimentos de um giga, vulgarização da unidade de medida no mundo da informação.
Informação...
Você tem todas com um clique, talvez o mesmo que estalar os dedos; Senta, digita e tecla “Enter” e agora sabe tudo, poderá falar de tudo, se orienta, estuda, namora, compra, vende e aprende...Céus, eu sou do tempo que se namorava no portão ou na pracinha mais próxima!!!
Antes, íamos à festas para conhecer alguém,hoje, basta olhar o perfil em sítios de relacionamento e dizer “ oi, gostei de você” e, isso, te levará a verbos que Aurélio sequer sonharia, como “ adicionar amigos”, no meu tempo, fazíamos amizades e ganhávamos amigos, se bem que não altera muito.
Nunca me deu na idéia que a idéia viria sem acento e agora, pela nova lei, quem erra está certo, as professoras não terão mais que fazer riscos enormes no caderno de quem não acentuou e daqui uns dias, o que será do caderno, todo mundo terá um microcomputador.Triste!
Mas o mundo caminha com passos largos, saltos, ousaria dizer, e você tem que se adequar a isso, se quiser sobreviver.
Estou muito triste com essa minha atual interface, vou formatar tudo, farei back up do que está bom e depois inserir um disk com o que há de mais avançado, buscando otimizar resultados.Talvez eu me instale um antivírus, anti-problemas, anti-gente chata, anti-falta de dinheiro,anti-tragédia e anti -furtos.
O mundo está tão computadorizado, mas você ainda é surpreendido na rua por um homem normal, com “interface” assustadora que te diz, como antigamente:"é um assalto"
Dá pra cancelar?
Posso restaurar o sistema, voltando no ponto onde não havia perigo?
Seria fácil, removeria o espião, arrastaria as vítimas para um local seguro e depois “enter” para continuar o jogo da vida. Que sonho!!!
Meu olho não tinha uma micro câmera para registrar e nem era pantera para dar um looping de 360º e chutar-lhe a cabeça, faria questão de gritar um “yah” como nos filmes.Outro devaneio!!!
Eu poderia ter os poderes dos mutantes, ou o Batman poderia me salvar, mas Gothan estava deserta naquele dia.
Eu fui atrás de pobres mortais fardados que embora estivessem ali para me defender, não viram ninguém e também não alcançaram porque não têm visão além do alcance.
Alguém, por favor, rebobine a fita e me mande um e-mail avisando pra eu mudar o caminho?
Impossível!
Agora, terei que conviver com o medo, abalada e com os transtornos herdados do Scarface pra resolver.
Vou me formatar e depois colocar programas viáveis como coragem e deletar todo histórico negativo.
Não sou máquina, homem é que sou, Sir Chaplin estava certo e talvez, já naquela época, ele tinha uma vaga idéia, com ou sem acento, do que seria o tempo moderno.

Meu telefone móvel se movimentou de tal forma que foi para mão de estranhos, está na caixa postal, deixe seu recado após o sinal porque estarei off-line ou temporariamente fora de serviço.Estou desacreditada dos homens e “descreditada” dos telefones.
E a vida continua, vou ouvir minha secretária eletrônica, tão logo eu tiver uma.
Hoje em dia, como se diz “eu te amo” ?
De qualquer forma, em qualquer papel, e-mail, inteiro, torpedo, pombo-correio ou sinal de fumaça, telefone sem fio, com palavras, com olhar, longe ou perto, não importa, faça antes que seja tarde, pois você pode ser surpreendido e algo mudar completamente a planilha de sua vida.E, apesar de hoje, você poder simular muita coisa na second life você ainda morre de repente porque o futuro não se pode prever.
E a modernidade?
Eu a vejo meio que desfocada, pois o abraço que eu precisava, fui buscar de ônibus e ainda me olho no espelho com a mesma interface de antes, apenas um pouco mais assustada.
Para que tanta facilidade, se tudo que você compra em 12 meses, te levam em 5 minutos?
Pra que tanta modernidade, se os princípios que regem o mundo são os mesmos da antiguidade e os vícios que te perseguem estão entre nós desde o início dos tempos?
Talvez eu não chegue a uma conclusão, talvez eu “jogue” no google e encontre um milhão de indignados como eu.
Talvez minha resposta esteja na bíblia, mas quem nos faz mal, dificilmente entra em contato com ela ou mesmo com Deus.
Pode estar em pergaminhos antigos, escritos com a mesma tinta venenosa que dizimou tantos curiosos medievais.Quem sabe?
No entanto, acredito que esteja dentro de nosso coração, dos bons princípios e da vontade de cada um de ser feliz e viver num mundo melhor e com maior união.


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

setembro 03, 2008

A Senhora

Estava sentada no ponto de ônibus, aquela confusão de pessoas correndo, atrasadas ás vezes, ou sem pressa alguma, como o velhinho que ia apenas passear.O cara, que vende bilhetes, gritava o nome do destino de cada carro que parava e, depois, para onde ia cada carro que estava saindo.
Quanta confusão!
Mas o meu chegou e dali eu parti.
Uma senhora cantava.
Com tanto barulho,vozes e buzinas, ela cantava uma velha canção da jovem guarda,acho que era do rei,não sei, mas sua voz fraca e serena ecoava o barulho da multidão,bastava prestar atenção.
A música era cantada com emoção, um amor perdido no passado ou a saudade do marido que poderia estar em casa ou distante dali, separado pelo tempo, pelo lamento.
Ela cantava como se fosse trilha sonora do que estava a pensar.Na minha mente lembranças boas, sorrisos,risada,abraços,brincadeiras e saudade.
Como não deixar uma lágrima cair, era só eu e a canção triste daquela senhora, eu não ouvia mais nada, nem via o ônibus lotado, pessoas sem lugar para sentar,nada mais havia ali, apenas a saudade de um momento não tão distante,apenas a canção da senhora.Apenas meu coração, apenas meu pensamento em você.
Voltei a realidade quando ela me tocou,e segurando minhas mãos, me chamou:
“ _ Por que chora querida?”
Eu olhei seus olhos tão brilhantes, mas escondidos pelos anos que se passaram, as mãos com marca visível de que conhecia o amor e as duas alianças mostravam que o pra sempre, como disse o poeta, um dia sempre acaba.
Eu a olhei com vontade de rever sua vida,como se tivesse um filme ou mesmo um simples álbum de retrato, olhei desejando ser ela, daqui uns anos, e ter aquele mesmo rosto de quem havia se realizado, ter o mesmo sorriso de quem foi feliz a vida toda, e respondi:
"_Acho que choro por mim! Ouvindo a senhora cantar, pensando em tudo que me aconteceu.Não sei explicar!"
Ela sorriu e disse que era bom saber que alguém a ouviu e me aconselhou a fazer o mesmo:
"_ cantar, cantar e cantar!"
Ao descer do ponto, dois ou três antes do meu, ela olhou para trás, com seu vestido florido, e acenou, tinha um sorriso sincero, que de alguma forma encheu de esperança meu coração.
Quando cheguei em casa, passei pelo espelho e vi o olhar daquela senhora, vi seu sorriso levemente misturado ao meu.
Seria loucura talvez pensar, insanidade, lucidez fora do lugar, mas de certa forma me ocorreu, que aquela senhora fosse mesmo eu.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

O Sentido

O que dizer quando se surpreende?
O que fazer quando se apaixona?
Como explicar o que não se compreende?
E assim começa meu tormento

O que fazer quando se apaixona?
Guardar o sorriso, disfarçar o olhar
Não se entregar e não se perder no envolvimento
Não se constranger por não saber o que falar

O que fazer quando se apaixona?
Como lidar com o inesperado?
Escrever, mil vezes, a mesma frase sem sentido
Dizer, novamente, o que já tinha dito
Ficar crédula em meio ao mundo encantado

O que fazer com o que sente?
Como se alguém seqüestrasse a gente
O pensamento deixa de ser seu

Você não pára de pensar na pessoa
Até mesmo uma guerra vira problema à toa
E, sonhando, o dia amanheceu

O que fazer quando se apaixona?
Fingir que não viu a borboleta entrando pela janela
Fingir que não está surpreso com aquele abraço
Que não se encantou com a cor dela

O que fazer quando se apaixona?
Não foi nada programado
De repente tudo mudou o sentido
E o sentido estava ao meu lado

E a situação foi tão inesperada
Que queria ter feito mais naquele momento
Queria que alguém lesse meu pensamento
E percebesse o quanto estou apaixonada
Irene Tiraboschi
© direitos reservados

agosto 07, 2008

Sempre

Sempre tive medo do mesmo
Viver aquilo de novo
Pensar no que tinha passado
Ouvir o que tinha falado
Sentir novamente o que agora temo

Sempre tive medo de me perder
Não me encontrar, não ser mais eu.
Pensar nas coisas que não vivi
Constatar que, naquele dia, deixei de existir.

Sempre tenho medo do nada
Nada que possa ser feito
Nada para ser salvo
Nada para dizer que é meu
Sempre tive medo de tudo
Tudo meu que o mundo esqueceu

Sempre tive medo do mesmo
Mesmo que para muitos seja nada
Mesmo que o nada seja tudo
Porque tudo e nada são o mesmo

Sempre tive medo de mim
Sempre esqueci de falar
Falei que esqueci no fim
Por não ter forças para tentar

Sempre tive medo do mesmo
Mesmo que hoje seja um dia comum
Mesmo que eu não seja ninguém
E viva em lugar nenhum

Sempre tive medo do mesmo
Sempre e nunca disse nada
Talvez por ser tão cedo
Talvez por ser tão equilibrada

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

julho 06, 2008

Em defesa de um jovem coração

Não esperava que alguém acabasse destruindo a única coisa que tinha na vida.
A gente tem sempre que escrever sobre o que sabe então eu vou falar de dor, deveria dizer amor, mas tipo nós adolescentes infanto-juvenis não sabemos o que é amor.
A gente conhece bem todo o tipo de fora, eu gosto daqueles que são educados do tipo não é contigo, mas sabe sou eu,esses são ótimos, mas existem muitos outros,alguns piores e mais severos.
Eu ouvi, um dia,que minhas poesias são infantis e provenientes de um coração infértil,daí hoje eu acordei pensando sobre o que seria um coração infértil e pensei que não posso ter um coração infértil se estou sofrendo e muito menos se tenho a capacidade de amar.

Quanto ao fato de serem infantis ou infanto-juvenis isso não é ofensa, pois não há nada mais lindo que a juventude quando acreditamos nos sonhos e que logo conheceremos alguém pra sermos felizes e casarmos .
Na adolescência descobrimos o beijo na boca, os bilhetes dizendo que te esperam em algum lugar.É na adolescência que encontramos as grandes amizades , descobrimos a vaidade e que para amar não existe idade.

É na adolescência que colecionamos cds, compramos um PC e temos uma banda revoltadamente favorita...

Descobrimos quem somos, escolhemos nossa profissão e planejamos ir pra faculdade.
Aos 20 anos a gente começa a ver os indícios da fase adulta,os amores mal resolvidos, os sonhos perdidos, as amizades já não são mais as mesmas e o sonho da faculdade passa a ser além da paixão , uma obrigação, mas ainda sim é o melhor tempo de nossa vida!!
Cada choro, cada lágrima, cada festa e cada gargalhada é um sinal de que há vida dentro de você.
E assim você entra aos 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29... quando vê já é teu aniversário, quando vê não teve festa e já estamos nos preparando para o natal.
E você não deixou de amar, nem de desejar , nem de sentir,você continuou com sua antiga banda revoltadamente favorita e aprendeu a gostar das novas revoltadamente seguidoras das que você conhecia.

Você não deixou de ter um grande amigo ou grande amiga,você não deixou de buscar a felicidade, viajar pra outras cidades e ler algumas poesias.
E diante de tudo isso que você viveu e diante de tudo que irá viver, poderia dizer que tem um coração infértil ?
De modo algum.
Nós somos os corações mais cheios de fertilidade do mundo!
Mesmo aos 21 ou se já estiver com 50, porque somos jovens e somos eternos pesquisadores do nosso eu.
Porque somos apaixonados pela vida, somos sorriso e alegria, sonho e vontade de vencer.
Porque somos a vida, somos amor, somos um pouco de sofrimento e dor, somos o amanhã que está pra nascer.
Um coração infértil?
Não, isso nunca existirá, mas acho que você nunca irá entender.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

junho 17, 2008

Amor Pirata

Meu amor cigano
Vida insana, sem sentido, pagã
Meu amor sem sentido
Me fez de vítima a vilã

Meu amor incerto
Não soube estar por perto
Meu amor displicente
Esqueceu de dizer o que sente

Meu amor veloz
Não soube esperar o momento
Amor cego e feroz
Destruiu alheio sentimento

Meu amor pirata
Que saqueia coração de moça infeliz
Coleciona erros pelo caminho
Por achar que sabe o que diz

Meu amor pirata
Beijo roubado por um abraço amigo
Meu amor bandido
Quis a vida que o tivesse perdido

Meu amor confuso
Fico na janela esperando sua volta
Chegue sem medo, não precisa pedir
Deixei para ti,aberta a porta.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

junho 16, 2008

Drama

Um dia a borboleta sai do casulo
Linda e formosa como um tecido de festa
Sai voando pelo caminho escuro
Foge tranqüila por uma fresta

Ela vai buscar sua flor
Seu jardim, seu abrigo
Ela que representa o amor
Tenta se proteger do perigo

Um dia ela pousa em algum lugar
Fica ali sem nada fazer
mas alguém costuma importunar
implica com a paz que não pode ter

Um dia a borboleta partirá
Cansará de se defender da rebeldia
Neste dia esse alguém perceberá
Que ela era quem lhe fazia companhia.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

junho 13, 2008

Música

Eu tava aqui pensando no que escrever e vi que há uma frase de uma musica da Kim Carnes (se vocês não conhecem a mãe de vocês deve conhecer)que diz o seguinte,lógico que em inglês:"não se apaixone por um sonhador pois ele levará você e quando realmente achar que as coisas estão acontecendo ele já terá partido".
Eu gostei, retrata bem nossa adolescência,para quem está, para quem saiu e pra quem insiste em ficar porque apesar de tudo é a fase mais segura de nossa vida,afinal quando a gente pode ver que algo acabou e olhar pro lado e ver que tem gatinho novo ou ver que gastou toda a grana e sobrou contas a pagar e poder correr pro pai , mãe, irmão mais velho ou simplesmente fazer um longo risco na agenda e esperar mês que vem.
Em que fase da vida a gente pode chorar, dizer um monte de palavrão e dar risada depois pois tem balada garantida no fim de semana? Não há.
Por isso sejamos sinceros não há motivos pra sair da adolescência,rss...
Ainda vasculhando o sarcófago musical que tenho em mãos achei outra pérola, dessa vez Joan Baez (recentemente regravada por Jewell) que diz que "as respostas voam com o vento",se eu não me engano,mas devo viver numa estação sem ventos pois vivo sem respostas, cabe ai perguntar pra que tanta pergunta,mas isso faz parte da adolescência ou da curiosidade humana.
E continuando eu usarei frases da musica da Cher (mais atual né? rss) que diz o seguinte:" se eu pudesse voltar no tempo eu encontraria um jeito de levar embora todas as palavras que magoaram você e você ficaria...eu não sei porque fiz o que fiz, não sei porque disse tudo aquilo.O amor é como faca que corta profundamente e as palavras como armas que ferem ás vezes... sei que fiz você chorar mas se eu pudesse voltar...se eu pudesse alcançar as estrelas, eu as daria pra você e você me amaria como costumava ser."
Cara, é impressionante como você acha o que dizer ouvindo música,ne? Pena que quem ouve e presta atenção são as que precisariam ouvir e não dizer.
Isso que dói! Ou vocês estavam achando que eu magoei alguém?!
Para fechar com chave de ouro..." você me fez chorar,você me disse mentiras, mas não posso ficar pra dizer adeus,posso estar certo, posso estar errado, machucou bastante mas já faz tempo,estou voltando pra casa..."
Bom, essa fica meio deslocada do contexto mas é Ozzy, e isso diz muito e sinceramente eu nao estou preocupada com isso porque meu coração não segue regras aliás o de ninguém e muito mente quem diz que sabe controlar sentimentos e não se envolve, se isso é serio lamento dizer que essa pessoa não vive.
Eu respeito o direito de cada um de não dizer, não compensa mesmo pois é só a gente dizer que tá aí e pronto,a coisa danifica de vez, definitivamente a gente quer o que está difícil e isso é muito difícil rss.
Enfim,quando eu comecei a escrever eu estava chateada com uma coisa tão pequena mas a grandeza das minhas emoções é tanta que eu já nem sei mais.
Nunca foi ridículo amar,ridículo é a pessoa que critica ou ignora os sentimentos da gente.

Acho que era isso que eu ia falar quando comecei a escrever.


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

junho 12, 2008

Doce


Doce feito de doce encanto
No mar calmo da paixão
Areia branca da paz que sinto
Sorriso que rege o coração

Doce feito de doce perfeito
No bondinho da felicidade
Venha de braços abertos e aberto peito
Contar ao mundo nossa verdade

Doce feito de doce lembrança
No corcovado da esperança
Na baía do amor raro
Te amarei de janeiro a janeiro
Te dedico meu tempo inteiro
Em dia de chuva ou céu claro

Doce feito de doce saudade
Doce feito de doce poesia
Tu és minha felicidade
A razão de minha alegria

Passear de mãos dadas com o amado
Nessa sensação de amor gostosa
Doce sonho, doce encantado
Meus dias na cidade maravilhosa.


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

maio 13, 2008

Os Anjos


os anjos são meigos
alguns atrapalhados
vem à terra com uma missão
e voltam apaixonados
os anjos ajudam quando podem
tentam fazer até o que não sabem
falam muitas vezes sem pensar
mas só querem ajudar
os anjos são amigos para qualquer hora
vão ao fim do mundo
mesmo se for agora
os anjos nunca dizem adeus
tem por mim sentimento profundo
e eu os chamo de amigos meus


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

maio 05, 2008

O Relógio


Mais um dia nesta tristeza sem fim
Mais um dia sem você perto de mim
Minuto a minuto tentando aceitar
O segundo que deixou de me amar

Mais um dia sem agir
Uma noite sem descansar
Uma hora é pouco para falar
Toda angustia que me fez sentir

Mais uma data que quero esquecer
Terei que esquecer até as quero lembrar
Mais um aniversário sem observar
Os sinais da idade que começam a aparecer

Mais um momento para refletir
Dias e dias tentando recomeçar
Noites que deixo de dormir
Noites que fico a chorar

Dias e dias tentando te entender
Noite e dia buscando te encontrar
Mais de uma hora a escrever
Sobre cada minuto que estou a esperar

Mais um dia sem você
Mais um dia fingindo não aceitar
Tentando voltar um minuto antes de te perder
Pedindo a cada segundo que volte a me amar.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

abril 19, 2008

Mensageiro dos Ventos



Pela manhã eu ouço o mensageiro
Aquele tilintar de metais batendo um no outro
Como sinal de boa nova
Saio pelas ruas, pensamento longe
Tão longe quantos o vento que bole com as pedras do mensageiro
Pensamento longe da minha realidade
Perto daquele que desordenou meus sentimentos
E as chaves?
Onde estão as chaves do meu castelo que agora parece mais uma caverna sombria e assustadora?
Onde deixei as chaves do meu refugio, do lugar onde posso me esconder de toda essa loucura que circula minha mente?
Caminho, olho e nada de chaves
Somente o barulho dos mensageiros do vento
Não havia me dado conta de quantos são
Em cada varanda, em cada janela
Há um pra me azucrinar, me fazer lembrar, me fazer chorar
Continuo a caminhar
Pergunto aqui e pergunto acolá
E nada de encontrar
Céus onde fui deixar?
E esses mensageiros a me importunar?
E esse meu pensamento que não para de vagar
Ando mais um pouquinho tentando me concentrar
Para ver se o tal do vento pode me ajudar
Oh chave onde fui te esquecer?
Oh pensamento o que quer saber?
Oh sentimento o que detem você?
O mensageiro parece avisar
“Olha a chave aqui, venha buscar”
Agora é só para o castelo voltar
Ficar no meu refugio
Tentar me acalmar
A caverna sombria é coisa da minha imaginação
Logo desaparecerá essa sensação
Quando o meu amor tranqüilizar meu coração.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

abril 17, 2008

Aniversário



Hoje faz um ano que você saiu por aquela porta
Faz um ano que me deixou completamente confusa
Um ano que perdi o rumo do que eu fazia
Um ano que por dias eu subsistia
Não comia, apenas sofria.

Um ano que eu passei buscando resposta sua
Um ano a espera da sua volta
Um ano, com sua volta, tentando entender
O quão falso um homem pode ser

Um ano tentando não lembrar
Sorrir sem chorar
Sair sem não querer voltar
Um ano tentando não dizer
Aquilo que ninguém queria mais escutar
Um ano tentando não falar em você
Que era a única coisa que eu podia fazer
Pois era a única coisa que eu podia pensar

Hoje faz um ano que eu tive medo da vida
Tive medo de sentir felicidade
Pois foi a felicidade que me deixou ferida
Quis desistir de tentar com tão pouca idade

Hoje faz um ano que tive e venci a depressão
Um ano que brigo com aquilo que achei que fosse amor
Um ano que aprendi a viver com a dor
Um ano que fechei meu coração

Hoje faz um ano que você desceu aquela escada
Um ano que suas palavras se mostraram nada
Um ano que mentiu para uma pessoa apaixonada
Um ano que iludiu quem já era magoada

Hoje faz um ano que busquei minha força interior
Que tentei dissipar meu ódio e não guardar rancor
Hoje, depois de um ano, sei quem são meus amigos
Aqueles que me ajudaram e que me ouviram
Hoje, depois de um ano, sei o valor de um sorriso
Sei o quanto dói a falsidade
Sei que para recomeçar não tem idade
Me arrependo do que para você eu fiz
Lamento se realmente te fiz feliz

Por sorte nada daquilo realmente aconteceu
Hoje faz um ano que não tenho você
Mas eu chorei como se chora por alguém que morreu
Porque fez um ano o momento que mais quero esquecer


Irene Tiraboschi

(direitos reservados)

março 26, 2008

Adverbos do Tempo

Eu nunca colei com cópia de caderno
Eu nunca vi a Madonna
Eu nunca fui a Paris
E nunca disse o quanto você me faz feliz

Eu sempre perco a carteirinha da faculdade
Eu sempre escondo minha idade
Quase nunca estou errada
E agora totalmente apaixonada

Eu nunca fiquei sem dizer o que sinto
Eu sempre escrevo e nunca minto
Eu quase me perdi por amor
Quase morri com tanta dor

Mas nunca desisti
Sempre busquei recomeçar
E quase me esqueci
O quanto é bom amar

Eu nunca sei o que é certo
Mas é algo que só se sabe tentando
Por isso te quero por perto
Dormir juntinho e acordar te beijando.

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

fevereiro 10, 2008

O Ciclo



Estou confusa
perdida sem saber onde me encontrar


mudar as coisas de lugar
com novos ares me acostumar
e em você não pensar

estou confusa
tanto a ponto de não me lembrar
que escolhi te esquecer
que talvez eu pare de escrever
já que desisti de tentar entender
ou entender porque não quero tentar

estou confusa
e acabei confundindo sentimentos
distorci pensamentos
fantasiei momentos
e não tem como consertar

estou confusa
porque amei
deixei me levar
estou confusa
porque falei
quando deveria me calar

estou confusa
mas não há o que fazer
nem adianta sobre isso escrever
muito menos publicar
estou confusa
por saber o que dizer
quando, para quem e porque
mas sem coragem de tentar

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

fevereiro 09, 2008

Sábado

Lá fora cai uma chuva fina
Vejo o céu sem estrelas pela janela
O vento gelado se aproximando

Longe meu amor sorri
Mãos dadas com outro alguém
A noite está apenas começando

Aqui a solidão
Uma dor no coração
Alguns rabiscos num papel pardo
Um livro completamente destruído no chão

Lá fora o som dos carros passando
As pessoas que correm da chuva gritando
E meu coração bem longe te procurando

Sei que está sorrindo
Sei que em mim não está pensando
Sei que choro porque vejo a realidade
Pra ti,longe de mim, há felicidade.

Deste tempo quero correr
Desta dor tenho pavor
O seu sorriso quero esquecer
Uma vez que, longe de mim, encontrou o amor
Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

fevereiro 01, 2008

Meu Adeus

Preciso escrever
Hora de estruturar a vida
Os pássaros foram libertos
Os portões abertos
Preciso contar
Hora de fechar a ferida
Voltar para terra querida
Rever a pessoa amada
Esquecer todo o tempo de guerra
E como toda pessoa que erra
Preciso recomeçar

Preciso te dizer
Que não foi fácil
Eu perdi meu tempo na viagem
Eu deixei que destruíssem a paisagem
Que você gostava de olhar
Preciso te pedir
Que entenda que não fui ágil
Que perdoe meu jeito revoltado
Que cuide do meu machucado
Que possa me perdoar

Preciso descansar
Queria poder sentir teu abraço
Uma vez mais sorrir
Preciso partir
Agora que me decidi
Cuide dos que vão ficar
Ninguém sabe que eu morri

Irene Tiraboschi
(todos os direitos reservados)