a música bate,
os joelhos se curvam e se torna possível sentir o que terra recebe daqueles que
tem seus pés conectados a ela...
a cada batida do
som, um pé era batido no chão e daí se sentia a vibração dos mais variados
sentimentos... pés que batiam de felicidade, de novidade, de retorno, de
reencontro, de paz... muita paz
um dia, chegará
o momento de partir, afinal meu corpo não tem a mesma juventude da minha
mente... mas, eu poderei sentar em minha cadeirinha de balanço e dizer sorrindo
" eu vivi"
eu vi o sol
aquecer sorrisos, aprendi a me conectar com a terra, a grama, á água e o
barro... entendi que o elo entre o homem e a natureza é a música.... que todo
sentimento lá é sincero e verdadeiro... mesmo que não te agrade.
estranho ver
alguém agradecendo a música, a natureza e até a chuva artificial que a levou a
ser criança, sem medo do que está por vir, eu se estivesse do lado de fora,
talvez acharia.... estranho ver alguém chorar enquanto brincava com a caixa de
som... mas, isso não tem como explicar.
um dia, meu
corpo vai pedir pra eu parar... e, nesse dia, eu vou poder dizer que o coração,
a mente, a alma, cada osso, cada músculo, cada fibra e o sangue que corre
quente em minhas veias, souberam deixar a música com seus laços de energia, me
reconectar a mãe Terra e sentir dela toda a vibração que os seres dali emitiam.
é isso... e
apenas isso!!!
texto de Irene Tiraboschi
fotografia de Bruno Camargo
(direitos reservados)