As expressões da rede se tornaram tão comuns que parecem apelidos carinhosos e nesse mundo de corpos com cabeças de celulares, a gente só percebe rostos e risos, com muito choro escondido nas frustrações do dia – a – dia.
Eu estava vendo uma pessoa, ela parece ser legal, a voz é bonita e tem uma cabeça de celular preto com belas mãos e unhas coloridas, eu não vi o que ela vendia, pois só conseguia imaginar como seria seu rosto, se combinaria com sua voz... quem somos nós?
Uma senhora tomou remédios demais para descansar, pois não sabia lidar com a dor de não ter seu filho por perto, a dor dela a nada se compara, eu posso entender isso, mas o menino que tomou o mesmo remédio por se sentir pressionado pela sociedade virtual sem virtudes tinha uma dor tão intensa quanto, mas ninguém o compreendeu, somente o julgou.
O tribunal social cibernético aloprado estava repleto de promotores e testemunhas de acusação, pessoas sem coração, sem qualquer entendimento psicológico ou jurídico, cobertos de uma excêntrica razão de que o menino não precisava disso.
Setembro vai chegar com a Hipocrisia e suas fitinhas amarelas, distribuindo apoio, lembrando dos que se foram e se colocando a disposição do que pensam em ir, mas esses dois só aparecem uma vez ao ano, depois quem reina é o casal Descaso e Alienação.
Mas, quem se importa com a insensatez de minhas palavras oriundas de um teclado molhado de indignação?
A vida continua com pessoas que te ensinam a explorar a carência alheia e aplicativos até para auxiliar a cagar, mas inexiste respeito, compreensão, cordialidade ... talvez nem saiba o que seja isso, pois não há ninguém pedindo para arrastar para cima, dizendo “vem comigo, que te mostro a verdade”
Na verdade, tem... são templos impondo a religião num Estado Laico.
Enquanto isso, alguns seres seguem lendo livros, pensando no semelhante e são criticados ou temidos pelos corpos andantes com rostos cobertos de celulares... A que ponto chegamos?
Eu penso que ao ler isso, uns poderão me achar crítica, outros que estou com depressão, outros que enlouqueci e talvez até quem me dará razão, mas isso não mudará meu número de seguidores, nem me livrará das dores e nem libertará meu coração.
Eu só estava tentando rever conceitos, convertendo meus devaneios, buscando para essa sociedade uma salvação.
( por Irene Tiraboschi sobre seus devaneios lúcidos, direitos reservados, 2023- rede social pessoal)