dezembro 06, 2013

velho poema novo


O velho não é tão velho
Nem o novo está tão atual assim
Não importa mais quem eu sou
 E nem mesmo de onde vim
O que importa é que estou velha
E quero continuar assim
O velho nunca é tão bonito
Na verdade, descarta-se com facilidade
Mas, o velho te conforta
Só que é o novo que traz felicidade
De que serve o velho?
O velho ensina, mas o novo encanta
Eu não me importo mais com as rugas de expressão
 Nem com as falhas nos dentes
Nem mesmo a menopausa que me falha a razão
Eu estou velha e quero ser assim
O novo machuca
O novo cheira poeira
Coisa não lavada
 Mas, o velho
O velho abraça
O velho descansa o que é cansado de lutar
O velho, seja o que for, te lembra abraço
Então que seja velho, mesmo que feio
Porque pode esconder os remendos com um laço
Eu fui menina, eu fui rainha
Eu fui temida, complicada
Agora sou velha
Apenas uma velha, sabida e cansada
Não me importa mais o que pensam
Nem mesmo se sabem, ao certo, o que eu sou
Me importa apenas as doses de cálcio para meus ossos
Os aplausos para meus esforços
Um sapato confortável para meus pés machucados
Eu sou velha e não preciso mais do que atenção
Eu quero apenas continuar respirando
Na mesma batida descompassada do meu coração.


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)