julho 30, 2009

A verdade



A verdade é um sonho de padaria
É o chinelo no pé ao final do dia
É o grito quando a alma pede socorro

A verdade é a salvação do mundo moderno
É o aprendizado na folha de caderno
É o corte profundo da minha mão

A verdade é lágrima da menina
É dor de uma pessoa inocente
É um minuto de loucura da razão

A verdade é o que me salva agora
Abre meus caminhos
Quebram-se as correntes

A verdade marca o fim de minhas eternas buscas
Limpa da memória minhas amargas lembranças
Dá ao vazio da vida um pouco de esperança

A verdade não cicatriza ferida
Mas liberta o sorriso preso na saudade
Faz com que a dor seja alívio
Gota a gota, sinto o gosto da felicidade

A verdade é como sono insistente
Que te obriga a manter seus olhos fechados
A lágrima que cai, gela com a brisa
Deixando meus lábios molhados

A verdade tem força
Bem mais que meu estúpido coração
Talvez seja ela que me faz sentir de pé
Mesmo deitada no chão

A verdade esclarece os erros seus
Vem de encontro com meu adeus
De repente, chegamos ao fim
Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

julho 27, 2009

A Menina




Um dia,
a menina achou que poderia viver sob a luz do sol
achou que a vida fosse uma delícia
achou que um desenho pudesse ser real.

Apenas uma menina.


Um dia,

essa menina achou que poderia abraçar o mar
surfar na onda da felicidade
correr pelas ruas de uma grande cidade
e caminhar no parque quando fosse primavera.

Um dia, 

essa menina leu “O Pequeno Príncipe”
saiu espalhando aos quatro ventos 
  /que seria responsável por aqueles que cativasse
cobrou da rosa reciprocidade pela redoma de proteção
 / criada no mundo da informação.

Um dia,

essa menina rasgou seu diário
jogou fora um livro sobre verdade
fez uma viagem até o pôr-do-sol
e respirou ar puro da crueldade.

Um dia, 

essa menina olhou para trás,
olhou com dó todas as suas feridas
tomou o café mais infeliz de sua vida 
e desejou bom dia aos que deveria ter amado.

Um dia, 

a menina se despediu do travesseiro
ouviu a música do coração
guardou as mágoas no baú do veleiro,
leu “Amor de Perdição”.

Um dia,

a menina disse aos ursinhos que ia parar de chorar, 
que suas lágrimas não iam mais ver 
e como se fossem gente de verdade
pediu que cada um tentasse entender.

Um dia, 

a menina subiu a serra da saudade, 
seu sangue em brasa
seus sonhos em vão, 
ela queria resgatar sua personalidade
queria lembrar aquela velha canção.

Um dia, 

a menina olhou a foto de seus amigos
 /e sem que cada um escutasse, pediu perdão.
Pensou nos seus pais, avós e irmãos.
Desejou que o futuro fosse bom aos frutos 

e que os frutos fossem bons.

Um dia, 

a menina olhou para o céu e naquela hora passava um avião 
e, como uma folha de papel, 
se desfez ao molhar-se nas bolhas de sabão.

Agora a menina é menina dos olhos seus,
talvez um sonho bobo de verão.
Alguém para quem você não disse adeus.
Alguém que quando entrou no mar, só queria encontrar o chão.


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

julho 26, 2009

Pensamentos





Minha vontade de escrever ultimamente tem se intensificado… talvez seja a chegada do outono, as folhas começam a cair, os ventos se tornam mensageiros.

Quando chegar o inverno quero estar como as formigas, que têm trabalhado arduamente;quero ser feliz como a cigarra que só cantou neste verão, atrapalhando o sono daquele que esperava o canto do rouxinol para se despedir da pessoa amada e voltar para casa.

Se tivesse perdido meu sapatinho, teria de me lembrar onde deixei, porque na correria de nossos dias não seria encontrado e ninguém iria de porta em porta para devolvê-lo e, se fosse, com uma desculpa desta, a liga extraordinária seria acionada.Talvez a liga não se preocuparia com problema tão pequeno,teria que tentar a liga da justiça ou Coelho Ricochete, o mais rápido e temido coelho xerife do oeste,todavia, sendo um sapatinho de cristal, eu nunca encontraria, não nos dias de hoje.

Se fosse hoje, Branca de Neve não dormiria tanto tempo, ela não teria comido a maçã, uma vez que o mundo anda tão complicado, aceitar qualquer coisa de estranho, mesmo que uma simpática velhinha, pode ser um risco mortal.

Naquela época havia inocência,as pessoas acreditavam uma nas outras.

Se fosse hoje, Bela Adormecida dormiria para sempre!!! Me diz que cara ia ficar tanto tempo perambulando atrás de uma garota que nunca viu?!

Certo, pode ser que hoje ainda teria um príncipe que fosse lá desperta-la, mas ela teria que contar com a sorte porque até ele chegar para beijá-la ia ter muita menina no caminho: ligando no celular, deixando scrapbooks ou atentando no MSN.Naquela época não tinha nada disso... oh época boa!!!

Não tínhamos que sofrer por ciúmes (risos!).

Ainda sobre a Branca de Neve, eu me pergunto se depois que casou com o príncipe, ela levou os anões pra morar com ela... Será?!Mas, a vida é assim mesmo, oh dia, oh azar... adeus mundo cruel!O jeito é tentar uma saída estratégica para esquerda e correr para Terra do Nunca discutir um pouco com os meninos perdidos ou pegar carona nessa calda de cometa e visitar o pequeno príncipe no seu planeta.

Isso porque quero escrever, colocar no papel tudo que vejo e aprendo, tudo que lembro e esqueço, tudo que guardo na memória.

Eu quero poder chegar à sacada e jogar minhas tranças pra que meu amor possa subir, mas pra isso meu cabelo precisa crescer e uma vez por semana hidratar.

Quero poder me entender com o mar...mas isso eu conto outro dia porque estou esperando o amor voltar.


Irene Tiraboschi
(direitos reservados)

julho 19, 2009

Ausência



Ás vezes, me pergunto sobre o destino
Para onde eu vou, como será e por que
Ás vezes, penso nas circunstâncias
Nas situações que quero esquecer

Ás vezes, eu penso no que me restou
Se um dia, realmente, cheguei a ter
Ás coisas que guardo são inexistentes
Memórias do que imaginei viver

Carrego comigo mágoas diversas
Sua insensibilidade me provoca
Sua ausência,minha insignificância
E seu egoísmo me sufoca

Ás vezes, me pergunto porque acredito
Na sua nova versão
Me pergunto porque eu escuto
Suas mentiras de paixão

Eu sinto ódio de mim
Sempre que você desaparece
Porque vejo minha fraqueza
E isso me adoece

Se o amor nos deixa assim
Eu não quero mais sentir
Não quero ser parte dessa dor
Estou decidida a desistir

E se encontrar a alma gêmea
É amor cinzento de perdição
Eu prefiro viver por mim
Vendo cores na minha solidão

Irene Tiraboschi
(direitos reservados)